marcha das vadias 2011
Eram 9 horas da manhã e começava a aglomeração no Largo da Catedral. Uma faixa com os dizeres “Chega de violência sexual contra as mulheres” e muitos cartazes com as palavras de ordem que correram o mundo, as capitais do Brasil e chegavam ao interior de São Paulo: “Meu corpo, minhas regras”!; “Não é não!” e tantas outras. Tintas e papéis estavam à disposição para quem chegasse e quisesse se expressar.
Foi o que aconteceu. Aos poucos, a praça estava lotada. Mulheres e homens pintavam cartazes e seus corpos. Panfletavam e conversavam entre si e com quem tinha tirado o sábado pra fazer compras na 13 de Maio, a rua mais movimentada do comércio da cidade. “Loucas de Pedra Lilás” cantavam o feminismo e a luta contra a violência à mulher no carro de som.
A praça estava colorida e ensolarada quando se formou uma roda de mulheres. Iniciava a performance do Coletivo da Marcha das Vadias de Campinas. Dissemos a todos que se amar, querer se separar, ser adolescente, ou mais velha é motivo para sermos chamadas de vadias, sermos agredidas, estupradas e até assassinadas, então éramos todas Mércias, Eloás, Silvias, Elisas, Rayanes e Natalinas.
Ao final, todas éramos Marias da Penha, todas éramos vadias e tiramos as blusas e sutiãs para mostrarmos que somos todas mulheres e queremos ser livres das opressões machistas, capitalistas, racistas, homofóbicas. E rolaram as lágrimas pela emoção da força coletiva mas também pela revolta e indignação diante da dor da violência sentida por todas nós mulheres, sentimentos compartilhados pelos que se indignam diante das opressões e do machismo

“nebulosa silenciosa”, performance – Luiz do Patrocínio; Tatiana Loureiro; Mariana Flor; Marissel Marques; Karen Polaz; Thamires Sarti; Inacio Berra Vaca; Fabio Thithola; Fabio Reis; Dani Faria (imagem TIna Beskow)
A Marcha das Vadias e a revolta contra a violência à mulher reuniu artistas que perturbaram a calma da manhã de sábado, tirando da privacidade a agressão sofrida cotidianamente. Eles meterem a colher no conforto das mentes que naturalizam o papel da mulher na sociedade como uma figura fraca e submissa. E houve ainda uma roda de capoeira angola dando força e axé à nossa luta.
A revolta levou às ruas muitos coletivos e entidades que há tempos lutam por uma outra sociedade: Promotoras Legais Populares, Marcha Mundial de Mulheres, Coletivo Feminista, Grupo Identidade, Grupo de Mulheres da Periferia, STU e DCE da Unicamp, Pró-Pos Unicamp, ANEL, CACH/Unicamp, Centro Acadêmico XVI de Abril (Direito Puccamp), PSTU, PSOL, Coletivo contra a Violência de Barão Geraldo, Casa de Cultura Fazenda Roseira, Coletivo Feminista Rosa Lilás, Coletivo de Mulheres do PT, Sindicato dos Químicos, Movimento Popular de Saúde de Campinas, CDDH Campinas, Comunidade de Jongo Dito Ribeiro.
Se nos pensávamos sozinhas, juntas nos fizemos fortes. A alegria que a força deu também foi extravasada e cantamos juntas a liberdade da escolha. Afinal, quem pula é feminista!, dizia bem alto a multidão que cortava o calçadão movimentado.
Reunimos cerca de 500 pessoas, mas maior é o número dos que passaram pela concentração, assistiram as performances e caminharam conosco até a Estação Cultura.
Linkania da MArcha das VAdias CAmpinas (começo da primavera/2011)
NOTICIAS
Rede Anhanguera de Comunicação: Mulheres protestam e fazem a “Marcha das Vadias”
EPTV: “Marcha das Vadias” protesta pelo direito das mulheres no Centro. (outra versão atualizada)
Portal Vermelho: Marcha das Vadias reúne 500 pessoas em Campinas
Blog Bruna Provazi: Ocupar as ruas, estourar as bolhas, respirar
IMAGENS
Robson Sampaio (flickr)
Cristina Alvares Beskow (facebook)
Performance Coletivo Marcha das Vadias
Performance Vulva quae sera tamen (Filipe Espindola e Sara Panamby): Parte 1 / Parte 2 / Parte 3
Performance Somos Todas Vadias
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