As Marchas das Vadias, das Putas, das Salopes, das Vagabundas imprimiram um novo fôlego aos movimentos feministas em todo o globo, desde as primeiras manifestações em 2011. Como um coletivo de vadias, entendemos que a construção de uma identidade Vadia, como um “nome” ou uma “marca de guerra” em nossas lutas feministas, expressa especialmente os feminismos que se centram nas questões voltadas para a liberdade do corpo e da sexualidade da mulher, da busca pelo autonomia (social, econômica, sexual, etc) de cada corpo/pessoa feminina — posto que historicamente o corpo masculino tenha gozado de mais liberdades de ir e vir como quiser. Não queremos dizer que essas pautas não estiveram presentes em períodos anteriores no seio das lutas feministas; porém, com a ascensão das Marchas das Vadias elas ganharam (ou retomaram?) visibilidade e notoriedade.
Inserem-se em uma nova configuração dos movimentos sociais, que vem se delineando nas últimas décadas, manifestando-se de forma pulverizada pelo país e pelo mundo. Essa organização descentralizada de luta se expressa em diversos movimentos recentes, como aqueles que convergiram em movimentos anticapitalistas, movimentos de mídias livres (rádios livres, CMI-Indymedia, software livre/tecnologias colaborativas), Occupy, Marcha da Maconha, Primavera Árabe, entre outros; movimentos autogestionários e horizontais, constituídos no anseio de alterar as estruturas da sociedade capitalista-colonialista-patriarcal-machista-homofóbica-racista em que vivemos.
Despontaram pelo mundo e dentro do Brasil várias Marchas das Vadias que se organizam em suas cidades, cada uma a sua maneira, com suas pautas/questões específicas, cada uma com uma estética/imagética. Nas Marchas das Vadias no Brasil, constatadas as diferenças, percebemos vários pontos de um diálogo importante entre os coletivos/grupos : a não hierarquização, a livre organização (autônoma), a ausência de personalismos nas ações, a luta pelo fim da violência de gênero e a garantia dos direitos das mulheres.
este texto abaixo, que atinge o político de forma sensível, intensa e dilacerante, faz parte da Blogagem Coletiva Luiza Mahin, organizada pelas Blogueiras Negras, para estes 125 anos de abolição da escravidão. Fica a homenagem às Luizas, Antônias e todas as mulheres negras que lutam (e lutaram) duplamente, triplamente … fortemente pela sua condição de mulher, para ser livre de fato!
“Antônia” (por Cassi Ana Rodrigres)
11 de maio de 2013
Essa semana as Vadias me pediram para escrever um texto pro 13 de Maio, para a blogagem coletiva Luiza Mahin. Me senti honrada pelo convite! Logo eu, que sempre vi com maus olhos essa exposição absurda que as pessoas fazem de si mesmas na internet, pela primeira vez me interessei pelo assunto. Mas, muita coisa mudou desde os meus 16 anos, quando de fato as pessoas usavam mais os blogs para mostrar suas vaidades para o mundo do que para expor suas posições políticas. Hoje, aos recém-completados 28 anos, aos poucos vou me entregando para esse mundo cibernético… Bom, mas o tema era o 13 de maio, não o ciberespaço…Vamos lá.
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